29 setembro 2008

...e ficou bem

Eu recuperei um amigo. Meu melhor amigo. E não sei se tudo será como era antes, bem antes daquele instante. Mas a gente vai vivendo - já um pouco mais feliz agora. Daí então as coisas vão acontecendo e... sabe-se lá no que dará.

Mas continua dando certo. Percebi que continua.

24 setembro 2008

a clockwork orange [parte 2]

Clique nas imagens para ampliá-las.

Apesar das complexas questões que Laranja Mecânica lança ao espectador [acredito, e preciso dizer até como uma atitude de auto-reconhecimento, não ter feito jus a nenhuma delas em meu post anterior, ao manter minha abordagem rasa, ignorar outras passagens dignas de nota e não me aprofundar como gostaria de fazer – tento novamente daqui a uns anos] e por estas estarem inseridas num roteiro irretocável que também funciona por sua narração bem construída e fluida, com reviravoltas e elementos que me incitam durante todos os 136 minutos de filme – que no fim das contas acabam parecendo apenas 30 -, tudo poderia dar errado se caíssem em outras mãos. Quiçá nem seria das piores coisas, mas, com todo certeza, estaria bem aquém do material concebido por Stanley Kubrick.

Depois da leitura do livro, é de se contemplar ainda mais o apuro técnico e o estilo inconfundível presente no filme. O texto de Burgess é econômico ao descrever a ambientação e as características dos personagens - na maior parte, ele é desprovido de qualquer detalhamento dos espaços onde se desenvolvem a história de Alex. Portanto, meus irmãos [preciso usar isso de novo], quando Laranja Mecânica se inicia ao som do soberbo tema criado por Wendy Carlos, toda a magnitude visual que seus olhos apreciam é produto da mente de Kubrick. É como um prelúdio, anunciando tudo o que está por vir.

Do olhar de Alex [e não ousaria limitá-lo com adjetivos], a câmera nos revela em uma única tomada, vagarosamente, numa elegância estética da linguagem cinematográfica do diretor, todo o ambiente com uma composição simétrica dos objetos e atores - estáticos - em cena, como nos grandes quadros renascentistas, mas com uma aparência inquietante e perturbada, a qual, ao percebê-la, não consigo evitar um sorriso de orelha a orelha. Não consigo exprimir com exatidão o que sinto, contudo, é como se minha paixão pelo cinema tivesse uma ligeira justificativa.

O melhor começo.

Na cena seguinte, o diretor utiliza a câmera da mesma forma – de um pequeno quadro, aos poucos compõe um grande plano -, causando um visual magnífico com as sombras dos atores imergindo em cena. Reparem que a fonte da forte luz utilizada é revelada sem o menor problema: há um poste de luz no meio da rua e ele não está ali para cumprir uma função cenográfica, mas sim fotográfica.

Assumindo a iluminação cênica. O poste no fim da segunda imagem.

Uma iluminação semelhante é eficiente também na seqüência seguinte, no balcão abandonado, na qual a luz é assumida e modificada sem pudores por Kubrick, a fim de se obter o resultado visual que desejava. Original e o melhor possível, eu diria.

Luz dirigida ao palco se apaga numa tomada seguinte.

Dois fachos de luz se transformam em um na tomada posterior.

A luz do palco aparece novamente acesa num pequeno trecho para mostrar a agressão e na última parte da cena encontra-se apagada.

A elegância da câmera de Stanley Kubrick é a mesma de suas obras anteriores. Planos-seqüência, zoom preciso, enquadramentos incomuns e uma câmera que muito expressa a situação atual dos personagens. Nota-se, por exemplo, como a câmera permanece imóvel durante a primeira visita de Alex e seus drugues à casa do escritor [toda a ação é manifestada pelo atores], contrapondo-se com a agitada tomada que acompanha a segunda visita do nosso narrador ao local, quando ele se encontra roto, abandonado e, principalmente, “curado”. A extensa tomada de câmera na mão que nos leva ao meio do mato onde Alex será agredido contrapõe-se a todas as outras, sempre em linha reta e lentas, usadas na primeira parte do filme. Ou seja, o diretor emprega a câmera na mão somente após o tratamento de Alex, nos momentos em que é posto na posição de vítima, sendo uma tentativa de aproximar o espectador do novo estado nefasto que o personagem se encontra e, sobretudo, mudar a estética predominante do primeiro ato.

Há um relacionamento perfeito em Laranja Mecânica entre música e imagem, a sintonia genuína do cinema. Ao som de música clássica, em especial as de Ludwig Van [como Alex preferia dizer], Stanley extrai um lirismo de cenas de sexo e ultraviolência, por mais improvável que isso pareça. O ménage à trois acelerado se harmoniza brilhantemente ao som da conhecida trilha de fundo, uma cena de sexo a uma maneira nunca vista até então, ressaltando a originalidade de Kubrick em transformar uma passagem simples do roteiro em imagens incomuns e antológicas. Uma seqüência em câmera lenta contendo a agressão de Alex a seus drugues, a pancadaria no balcão abandonado e qualquer outra de mesmo teor se resultam no sublime com a trilha que as preenche.

Ainda faltava comentar sobre o figurino – que já virou um ícone do filme junto com a maquiagem de Alex -, a atuação do Malcolm McDowell – com suas caras, expressões, voz, trejeitos construiu um personagem repugnante e apaixonante, extremamente dúbio e um dos meus favoritos do cinema, sua interpretação é metade do filme – e do Patrick Magee, o escritor – geralmente não muito comentado em textos sobre a obra, mas acho sua interpretação bastante visceral –, e algumas outras cenas, mas chega. Abstenho-me em continuar escrevendo o inequívoco. É chato para mim e para você – mais para você, com certeza.

Que, ao menos, tenha ficado claro o motivo de achar Laranja Mecânica o melhor filme de Stanley Kubrick, o melhor da década de 70 [sim, melhor que O Poderoso Chefão =)] e um dos melhores de todos os tempos. Right-right-right?

15 setembro 2008

a clockwork orange [parte 1]

Nota: Achei que ficou prolixo demais e resolvi dividir o texto em duas partes. A segunda parte, que será postada em breve, se limitará aos aspectos técnicos do filme. Bem, pelo menos é a minha intenção.

A tela foi preenchida por um vermelho primário que servia de fundo para as grandes letras brancas que diziam Produced and Directed by Stanley Kubrick. Ouviu-se a voz de Gene Kelly entoando os primeiros versos da canção Singin' in the Rain, servindo um pouco para me anestesiar de tudo que acabara de assistir. Laranja Mecânica havia terminado. Eu abri um sorriso. Sentia-me muito bem e feliz, o que talvez seja um pouco estranho. Afinal, passei um pouco mais de duas horas assistindo a covardes atos violentos, um governo egoísta e manipulador, um método de reinserção social para [ex-]criminosos unicamente desumano [unicamente?], um sistema familiar falido, um quadro cruel do futuro que nunca me pareceu tão atual e fui bombardeado por questões e sensações que questionam minha moral.

Se a genialidade da direção de Kubrick sempre esteve evidente a cada conferida de Laranja Mecânica, após concluir a leitura do livro de Anthony Burgess, tal genialidade ganha nova dimensão, uma vez que a adaptação que lhe confere transforma uma leitura ora chata e desinteressante numa das maiores obras-primas do cinema - a qual, assistindo pela terceira vez, me pareceu ainda melhor. E é por isso, meus irmãos, que quando os créditos finais surgiram na tela, eu fui tomado por uma sensação muito horrorshow [não resisti].

Contendo 197 páginas [a edição mais recente], só me senti realmente interessado pelo livro por volta da centésima. - ou seja, se não fosse por conta do filme, talvez parasse no meio do caminho. O dialeto nadsat criado por Burgess [por sinal, horrorshow significa excelente] cria um estranhamento ao nos inserirmos na narração de Alex, é verdade, mas a mesma, junto com o estilo peculiar de narrar, às vezes me incomodava deveras e só me distanciava do personagem. Kubrick cortou alguns trechos, modificou outros e manteve, como não poderia ser diferente, toda a premissa original criada por Burgess.

Alex é mau por natureza – e por opção. Ele tem acesso à escola, pais que, pelo menos inicialmente, se mostram preocupados com suas atitudes e não é desprovido de cultura, mas gosta de sair pelas ruas sujas de um futuro caótico para roubar, espancar a quem der na telha, invadir residências e violentar seus moradores, estuprar mulheres e lutar contra gangues rivais. Alex personificava o estado vil daquele tempo. Mas o cerne é: nosso humilde narrador fazia tudo isso por puro prazer e satisfação pessoal - o que, tenho que confessar, deixa-o extremamente fascinante.

Ele violenta um casal em seu lar enquanto canta alegremente Singin’ in the Rain e eu me pego rindo. Eu adoro quando ele invade a casa uma mulher e a ataca com uma escultura em forma de pênis. Acho justo quando ele bate em seus drugues e faz um corte na mão de um deles apenas para mostrar liderança. Não me importo quando ele chuta deliberadamente um mendigo deitado na rua, bêbado, sem nada ter feito. Kubrick transformou Alex num paradoxo, um jovem sem freios para o mal mas que me instiga desde o primeiro take. Como eu poderia me divertir com uma cena contendo a violência gratuita que me amedronta cotidianamente? Por que eu compraria os desejos de um criminoso repulsivo que ri naturalmente enquanto agride suas vítimas? Acredito que não deveria achar graça, mas Laranja Mecânica me deturpa.

O segundo ato se inicia com a prisão de Alex, dando início à principal discussão da obra. A superlotação nas cadeias e suas deficiências [algo que visualmente não é perceptível, sinto dizer, e caso essas informações não fossem ditas pelos personagens, eu teria tido uma boa impressão do sistema carcerário] e nosso narrador já está lá há dois anos. Ao descobrir sobre uma nova técnica ainda em fase de experimentação chamada Ludovico, a qual o governo criara para acabar com criminalidade - e ganhar a empatia do povo para a próxima eleição -, Alex se submete ao tratamento, já que assim conseguiria a esperada “liberdade”.

E liberdade é exatamente o que não consegue ao fim do tratamento. O governo transformou Alex numa laranja mecânica, com inclinação total para o bem, chegando a nem ser capaz de se defender – algo que no estado em que o mundo se encontrava, era primordial. Mas mais do que primordial, é o direito que temos como humanos, direito de escolha, seja lá a que tendência for. Ele não poderia mais sair à noite e fazer o que tanto gostava. Nem ao menos se divertir à maneira que preferia. Ele virou um robô e a partir deste instante é colocado na posição de vítima do Estado. Logo, não somos a favor disso e lutaremos pelo seu direito de fazer o mal, right-right?

É aí que me pergunto até que ponto essa é uma política totalmente desumana. Fiquei imaginando os criminosos de hoje sendo submetidos à técnica Ludovico. E digo sem remorso: eu adoraria o resultado. Desta forma, vale mais lutar pela moral de qualquer ser humano ou usufruir de um tratamento pouco [ou nada] ético para conquistar uma sociedade segura?

[A partir daqui comento o final do filme. Garanto que caso ainda não o tenha visto e queira continuar, em nada irá diminuir o impacto da obra, mas caso sua aversão à spoilers seja gritante, é melhor manter distância] Já para o governo – e para quem quer alcançá-lo -, o que realmente importa é seus interessantes. Assim, o terceiro ato é tão magistral quanto o primeiro [meu preferido] e chega a ser assustador por sua verossimilhança. Após sobreviver a sua tentativa de suicídio, Alex agora está no hospital, onde recebe a visita do Ministro do Interior, o mesmo que o atestou apto para o tratamento Ludovico. Se antes nosso narrador era tratado como cobaia e não havia recebido a mínima preocupação do Estado, agora o Ministro o chama de “amigo” e dá comida em sua boca [isso não está no livro, vale dizer], atitude a qual representa a total disponibilidade do governo em servi-lo e agradá-lo, para assim recuperar sua credibilidade com a sociedade após todos os inoportunos ocorridos a Alex. Ele entende a mensagem e quando questiona se a população compactuaria com a mudança ideológica do governo, o Ministro não hesita em dizer: “A opinião pública está sempre mudando”. E o filme é de 1971.

Caso alguém pergunte sobre o desfecho, a verdade é que: "Termina com um final feliz. Ele está curado e volta a ser mau. Ao se imaginar estuprando uma mulher, a alta sociedade aplaude. Era essa a sua vontade, afinal".

10 setembro 2008

não gosto de xingar

Tá foda. Passo uma noite fora de casa. Volto. E tudo é a mesma coisa. É meio escapismo você não voltar uma noite para casa. Depende de você achar se é um bom escape. Porque você vai estar na casa de outra pessoa que não é a sua casa. Aí tudo é diferente. As pessoas e as vozes das pessoas e o cheiro e a comida e seu comportamento. Mas eu gosto. Havia um quarto só para mim. Eu fiquei lá e fechei a porta. Peguei o livro que já anda na minha mochila há um tempo e comecei a ler de onde se encontrava um ingresso de cinema. O ingresso de cinema é meu marcador de livro. São dois ingressos na verdade. Fui ao cinema acompanhado e os dois ingressos ficaram comigo. Estão juntos. Deixei assim. E abri o livro. Li. E só eu no quatro. Silêncio. Muito silêncio. Como se o silêncio tivesse intensidade. Só eu e o livro e o silêncio e mais nada. E gostei de verdade.

E eu voltei. Para a minha casa. E me lembro que estava com saudade de quê? Eu cheguei. E já ouvi muito barulho. Vozes que me irritam e que me fazem querer gritar. Porque eu preciso me descarregar. Se ficar muita coisa presa em mim eu meio que fico mal. Mal mesmo. De querer sumir mais ainda. E querer ir para um lugar que não posso estar. Eu queria um lugar fechado. Escuro. Meio escuro. Podia até ter alguém. Mas que ficasse quieto. Ou podia falar. Mas baixo. Podia falar comigo. Eu responderia e poderia levar o assunto adiante e até me sentir melhor com isso. Radiohead podia continuar tocando de fundo. Porque é meio deprê e é bom. Queria ter mais músicas deles aqui para ouvir. Mas só tenho quatro.

Quando você é obrigado a se comunicar e não quer se comunicar é muito ruim. Meio que você abre a boca e quer falar com o seu estômago. E eu tenho que falar. Não com o meu estômago. Falar com quem está perto de mim. Tenho que emitir som. Tenho que pedir. Tenho que avisar. E não quero. E isso é chato. E pior que não querer falar e ter que falar é você ouvir e não querer ouvir. Era sobre isso que estava dizendo. Da voz alta que me irrita. Da falta de educação e grosseria que me faz perder a pouca paciência que nasceu comigo. Não sou provido de muita paciência e isso dificulta. Não saio ileso de culpa. Mas ninguém faz por onde. Eu me irrito. Tá foda.

E tá foda comer. Meu siso tá nascendo. Prefiro não mastigar muito. Porque dói. E não é frescura minha. Não desta vez. Tá doendo. E terei que arrancar essa merda e vai doer mais ainda.

07 setembro 2008

jesus está voltando

Sou partidário do pensamento "nada está tão ruim que não possa piorar". Por experiência própria.

Também sou adepto das profecias apocalípticas. Não por experiência própria - Deus não me revelou nada até agora -, mas por simplesmente acreditar.

E o fim, de fato, está próximo. Eu achava que não estivesse tanto, mas tive a certeza na tarde de hoje, enquanto procurava, sem sucesso - como na maioria das vezes -, algo bom na televisão para assistir durante o almoço.

Quando Latino e música sertaneja podem ficar piores? Quando se juntam. Parei de mudar de canal quando cheguei na Band. Era o programa da Daniela Cicarelli, o qual tem um nome enorme e muito ruim e que não me lembro e nem irei lembrar. Ela acabara de anunciar que o Latino iria cantar e chama André e Adriano [quem?] também ao palco. A coisa não ia melhorar, eu tinha certeza.

Eles começaram a cantar isso. [Reparem nos comentários. =(]

Pus o prato na mesa de centro e fui para o meu quarto orar pelo perdão dos meus pecados.

02 setembro 2008

dê-me um abraço e tudo ficará bem

Eu perdi um amigo. Meu melhor amigo. Ele não morreu, mas da minha vida ele já não faz mais parte. Ele também não viajou nem está do outro lado do mundo, e apesar da distância física continuar a que sempre foi, estamos longe, muito longe. É como há 5 anos: eu vivo a minha vida aqui como se ele não estivesse no mesmo mundo que o meu.

Mas eu sei que ele está. Às vezes tento esquecer tudo que vivemos, mas desisto. É impossível. Não há um dia em que eu não veja, fale, faça alguma coisa que não o lembre. É isso que as pessoas fazem, marcam a vida da outra. Eu mudei nesse tempo de convivência. Aprendi muito, um monte de coisas boas e me atestei de outras que não gostaria que fossem verdade.

Uma delas é que amizade eterna pode ser uma utopia. Eu acredito que uma amizade pode durar para sempre. Sim, acredito. E ainda tenho amizades assim. Mas eu pensava que o fato de duas pessoas se amarem muito e zelarem por sua amizade e jurarem morrerem amigos fosse alguma garantia para isso acontecer. Não, não é. Não é mesmo. De uma hora para a outra sua maior amizade pode acabar e você pode estar escrevendo num blog sobre isso.

E eu estou escrevendo, mas não sei por que ao certo faço isso. Acho que estou tentando aliviar a dor de alguma forma. Ainda dói muito. E quero que pare. Há momentos que me vem uma solidão que só ele pode acabar. Dá vontade de ligar só para falar qualquer coisa, vontade que ele estivesse ao meu lado para eu falar do que ando passando, para andar pelo centro do Rio sem nenhum objetivo, de ir pra casa dele para também não fazer nada - mas ele estaria perto de mim e então ficaria feliz. Às vezes era só o que precisava em alguns momentos.

Escrevo também porque me sinto sozinho, estou sozinho e não sei viver assim. Eu preciso de pessoas. E isso me deixa puto comigo mesmo. Queria ser independente. Era o que queria.

Não escrevo para ele ler. Tenho certeza disso e não estou tentando me enganar. É possível que ele nunca tenha vindo aqui, pois não se interessava muito por algumas coisas que eu fazia. E isso me deixava com raiva. Se ele viesse aqui, acredito que veria o tamanho de alguns textos, diria "que chato" e fecharia a janela.

Não sinto saudades das nossas brigas. Elas tiveram um papel importante. Nos conhecíamos demais quando havia algum desentendimento, conversávamos para tudo ficar bem e eu descobria mais dele com isso. E sempre me surpreendia com o quanto ele era incrível. Sempre dizia o que eu precisava ouvir para a gente ficar bem. Mas brigas desgastam. Chega uma hora que cansa e você já não agüenta mais aquela instabilidade. Quase sempre eu era o causador e apesar de não me arrepender de como agia, hoje faria diferente. Faria.

Ele era legal. Chato também, me irritava como ninguém conseguia, não gostava de conversar sobre cinema, não era muito de abraços, mas era o meu amigo. Antes de começarmos a faculdade, havia semanas que ficávamos juntos todos os dias. Às vezes falávamos "Cara, como eu não me canso de você?". E era assim. Ele estava ao meu lado e eu gostava. Sinto saudades. Queria ele perto de mim novamente.

Eu queria mesmo.