10 setembro 2008

não gosto de xingar

Tá foda. Passo uma noite fora de casa. Volto. E tudo é a mesma coisa. É meio escapismo você não voltar uma noite para casa. Depende de você achar se é um bom escape. Porque você vai estar na casa de outra pessoa que não é a sua casa. Aí tudo é diferente. As pessoas e as vozes das pessoas e o cheiro e a comida e seu comportamento. Mas eu gosto. Havia um quarto só para mim. Eu fiquei lá e fechei a porta. Peguei o livro que já anda na minha mochila há um tempo e comecei a ler de onde se encontrava um ingresso de cinema. O ingresso de cinema é meu marcador de livro. São dois ingressos na verdade. Fui ao cinema acompanhado e os dois ingressos ficaram comigo. Estão juntos. Deixei assim. E abri o livro. Li. E só eu no quatro. Silêncio. Muito silêncio. Como se o silêncio tivesse intensidade. Só eu e o livro e o silêncio e mais nada. E gostei de verdade.

E eu voltei. Para a minha casa. E me lembro que estava com saudade de quê? Eu cheguei. E já ouvi muito barulho. Vozes que me irritam e que me fazem querer gritar. Porque eu preciso me descarregar. Se ficar muita coisa presa em mim eu meio que fico mal. Mal mesmo. De querer sumir mais ainda. E querer ir para um lugar que não posso estar. Eu queria um lugar fechado. Escuro. Meio escuro. Podia até ter alguém. Mas que ficasse quieto. Ou podia falar. Mas baixo. Podia falar comigo. Eu responderia e poderia levar o assunto adiante e até me sentir melhor com isso. Radiohead podia continuar tocando de fundo. Porque é meio deprê e é bom. Queria ter mais músicas deles aqui para ouvir. Mas só tenho quatro.

Quando você é obrigado a se comunicar e não quer se comunicar é muito ruim. Meio que você abre a boca e quer falar com o seu estômago. E eu tenho que falar. Não com o meu estômago. Falar com quem está perto de mim. Tenho que emitir som. Tenho que pedir. Tenho que avisar. E não quero. E isso é chato. E pior que não querer falar e ter que falar é você ouvir e não querer ouvir. Era sobre isso que estava dizendo. Da voz alta que me irrita. Da falta de educação e grosseria que me faz perder a pouca paciência que nasceu comigo. Não sou provido de muita paciência e isso dificulta. Não saio ileso de culpa. Mas ninguém faz por onde. Eu me irrito. Tá foda.

E tá foda comer. Meu siso tá nascendo. Prefiro não mastigar muito. Porque dói. E não é frescura minha. Não desta vez. Tá doendo. E terei que arrancar essa merda e vai doer mais ainda.

2 comentários:

A Vilã disse...

Voltei \o/
Depois de hoje, não tinha mais desculpas para não comentar. hehehehe

E nem sei bem ao certo o que falar.
Como sempre né? XD

Sei do que falas, e como já presenciei uma das situações descritas, sei como é um porre. Quer dizer, foda mesmo.
Não ter como parar te dar uma sensação meio que de impotência.

Mas "vai dar tudo certo" e um dia você se livra. Não tão rápido como o siso, mas se livra.

andrea canto disse...

Oi jeffinho
também adoro escrita automática e adoro escrever de qualquer forma porque já é quase um vício para mim
a piadinha infame é infame mesmo!
gostei do seu blog depois vou olhar com calma, agora já estou com computador de novo!
bjs

até