22 julho 2008

antítese

Para a minha realidade, férias é sinônimo de ócio e internet - o que, na prática, acaba sendo a mesma coisa. Em frente ao computador, nada faço de produtivo [pois sem óvulo não se chega a nenhum produto] e quando me abstenho dele é a mesma coisa. Claro que culpo a minha maldita localização geográfica no Rio de Janeiro e minha escassa fonte de renda, mas não tenho como sair ileso de culpa. Livro é o que não falta; pincel, acrílica e papel estão ao meu dispor para começar a criar - mas vem o receio de no fundo ser um estudante de arte de merda e deixo os materiais dentro da estante, bem limpos, bem quietos. O que resta? Recorrer ao meu porto-seguro.

Na tarde de ontem, abro a estante de DVDs a fim de um filme que agravasse o estado o qual me encontrava - quando estamos na vala, o melhor é aproveitar: sinta tudo que pode sentir, descubra-se mais, reflita sobre suas relações e sentimentos, chore, mas não chegue ao estado fulminante, virar emo. Queria as prateleiras ocupadas por Brilho Eterno's, Brokeback Moutain's, Amélie Poulain's, Closer's para não me faltar opção.


Escolhi Hora de Voltar, fazia tempo que não assistia e atendia às minhas exigências. Que filminho bom, bonito, leve, alegre, triste... e utópico. Bem, na verdade, é um filme extremamente realista [contradição rulez!]. Todos temos um pouco do personagem do Zach Braff. Não sou a personificação do fracasso - nem me encontro rodeado por pessoas do mesmo tipo e sei nadar -, mas fico sem saber pra onde ir, às vezes me sinto sem lar, vivo em incertezas constantes e, claro, também tenho meus fracassos. O avião está entrando em turbulência e eu continuo perdido dentro de mim, preso no meu mundo inacabado - por sinal, adoro esse início.

A utopia vem quando os créditos começam a subir e percebe-se que o filme terminou.
Porra, aquilo nunca irá acontecer comigo! Não, eu não encontrarei uma garota linda e legal e de bom gosto musical que me tirará do meu mundo medíocre para juntos sabermos o que fazer, já que ela sozinha é tão perdida quanto eu. Percebi que o maior absurdo em filmes não está nos longas do James Bond ou do John McClane, mas sim nesses, que retratam pessoas extremamente reais e imperfeitas tendo desfechos extremamente felizes.

As letras continuaram subindo sobre o fundo preto, a trilha ainda tocando e eu, meio estarrecido, meio feliz, meio melancólico, sem ter o que pensar e pensando em monte de coisas.

Idiota sou eu. Fui assistir a um filme. Somos enganados por eles. Era o que eu esperava ao dar play. Se quisesse a minha realidade, continuaria aqui... Eu, minhas férias, meu computador e meu ócio.

7 comentários:

????????????????? disse...

Crie! Inove! Faça diferente!
Mas sei como é essa preguiça, rs.
Tenho sorte, pois minha estante de dvd tem esses que você mecionou - e muitos outros - rs - porém, também falta-me ânimo para vê-los. rs [eu que sou contraditório, rs]
E os filmes servem para demonstrar uma parcela da realidade, porém, cada um a vê por uma lente diferente - assim diria Kant -
Então, aproveite seu ócio enquanto a rotina não te consome!

RJ disse...

se engane um pouquinho então...
pelo menos sabe-se que se está enganando.. talvez seja algo que se deva acrescentar a sua preguiça e a seu ócio...

assista um filme e não pense que será um artista plástico de merda, vai que vc crie algo nessas horas que te surpreenda imensamente...

a descoberta da penincilina foi acidental, estamos esperando outra cagada desde então

Prof. Aline Costa disse...

fugir da realidade as vezes é muito bom, afinal é pra isso que as férias existem! rs

O ócio as vezes é uma maravilha, pra mim um pouco contraditório!
quando to atarefada quero ele... quando to nele quero algo pra fazer. rs
Acho que é assim com todos.

bom, Longa vida ao ócio das férias!

Anônimo disse...

axo q ganhou uma fã...rs ;)
adorei seu blog...

A Vilã disse...

Estava no Conspiração e vi os blogs. E descubro que esse é seu.
Não espere uma participação ativa de minha parte. Você sabe que nunca sei o que dizer quando você escreve sobre si.

Mas em relação a esse post...
Ócio acrecido de preguiça é um cu. Nada consegue te desviar dessa duplinha do mal.

Por que você não tira esse tempo para pintar? Quem sabe essa seja uma boa válvula de escape para você?
E não escrever aqui e alimentar ainda mais o ócio?

PS: DArei uma lida nos outro e, se eu não souber o que dizer, um oi.

A Interesseira disse...

~EMO NÃÃÃÃÃO!
Tudo menos isso...
A sua cruz é ser IDIOTA ou já se esqueceu,baby?! xD
Filme é uma ficção... Se esqueceu disso? Eu lembro \o/ Por isso que tem alguns que dizem: "Qualquer semelhança é mera coincidência"

Anônimo disse...

Bom.
Muito bom.
Bom mesmo!

Além de lindo e legal, óbvio!
rs

sério...
c tá escrevendo muito bem!

que inveja da sua escrita, da sua estante de filmes, e do seu ócio!

Beijos!