27 novembro 2008

na hora errada

Uma amiguinha que sempre se atrasa em seus compromissos, deixou-me plantado durante muitos minutos na estação de metrô da Carioca. Abre colchetes: quando se espera uma pessoa por muito tempo - digo muito tempo mesmo -, não há nada mais irritante de vê-la caminhando ao seu encontro sorridente ao chegar no local. Não um sorriso de "Ih, faz merda! Não deveria ter me atrasado", mas de "Nossa, querido, esperou muito? Fico feliz por finalmente te ver". Na realidade, nenhum tipo de sorriso se encaixa bem nessas horas. Ninguém com remorso fica sorrindo e eu não gostaria de ver alguém que me deixou esperando, feliz.

É como no trânsito, onde um engarrafamento se justifica com uma tragédia. Se tiver ocorrido um acidente, ok, mas ficar parado por um longo tempo e numa altura qualquer o trânsito melhorar sem ver um carro de bombeiro parado na pista, pode causar frustração.

Ontem esperei uma prima por duas horas. Mas ao menos estava na Livraria da Travessa do Barra Shopping, onde nunca havia visitado. Depois de cinco minutos lá, achei que havia morrido e estava no céu. Primeiro que não há quem te incomode - havia uma garoto lendo história em quadrinho e, acredite, um homem copiando trechos de um livro, aberto em seu colo. Não é preciso abusar, mas pode-se ficar bem à vontade. Livros, muitos livros, DVDs raríssimos e o CD da trilha sonora de Into the Wild para ouvir naquelas máquinas com fones de ouvido ultra fodas. Se houvesse uma TV e um DVD, eu viveria lá e seria uma pessoa muito feliz.

Só que depois de uma hora só admirando a paisagem, sem poder comprar nada, pensa-se ou em pegar o máximo de coisas possíveis e sair correndo da loja sem olhar para trás ou sacanear sua prima e ir embora ou continuar esperando, alimentando a agonia e a raiva que toma conta de cada da célula do corpo.

Até o céu nessas circunstâncias perde seu bálsamo. Que dirá uma estação de metrô, que por si só não tem nenhum atrativo. Nesse tempo de espera, localizei-me perto de uma das saídas da estação, quando uma mulher se aproxima:

- Você sabe onde fica a saída para a Nilo Peçanha?

Por mais que eu ande pelo Centro do Rio, eu ainda me perco fácil entre as ruas cariocas - e não gravo seus nomes. Então, automaticamente ao ouvir a pergunta, construo mentalmente um mapa da cidade.

- Uhmmm... É por ali. E aponto para a saída mais distante de onde nos encontrávamos.

- Obrigado.

Cinco minutos depois, a mulher volta na minha direção com passos fortes, dá um soslaio do desprezo em mim direção e segue pelo caminho correto.

E minha amiga chegou um pouco depois. Nem demorou tanto.

3 comentários:

O Lerdo disse...

Descontar sua raiva nos outros não é legal. Ficar horas esperando por alguém também não é... já abandonei esse hábito :p

A Vilã disse...

Prefiro nem comentar sobre esperar os outros...
Principalmente sobre esperar a amiga citada xD

Mas sobre a outra parte, a da informação errada.
Por que as pessoa dão informações erradas sobre ruas? Não é masi fácil responder que não sabe?

jeff disse...

A VILÃ: Foi o que me perguntei assim que vi a mulher voltando.